Desde criança, passando pelas dores da vida até chegar no nascimento dos netos, o bordado acompanhou todas as fases da vida de dona Marina. Aos 5 anos, olhando a mãe bordadeira que admirava, ela aprendeu a linda atividade. Quando se casou (as duas vezes), fez seu próprio enxoval, com a ajuda da irmã. Aí se aventurou a bordar as próprias blusas, camisas e calças. Uma das piores dores da sua vida – a morte da mãe - não poderia se transformar em outra coisa senão o bordado: ela transformou os retalhos de roupas da mãe em uma toalha de mesa que é usada em todo Natal, como uma forma de senti-la mais perto.
O amor pelas histórias, herdado do pai, foi refletido nas escolhas das profissões: Dona Marina fez faculdade de História - para contá-las - e, depois, Faculdade de Psicologia - para ouvi-las. “A minha história é, ela mesma, uma colcha de retalhos”, diz ela. O plano atual é fazer uma colcha com todos os bordados guardados que fez durante a sua vida e que representa um pouco da sua história.
Seu coração é do tamanho do mundo. Por isso, ela quer ensinar outras pessoas o que sabe, mesmo em meio a vida corrida de atendimentos psicológicos e cuidados com a casa e os netos. E não para de querer aprender: agora, gostaria de contar as suas histórias também em forma de colagens.